São Paulo é uma cidade que chama a atenção pelos prédios. Quando era criança e vinha passar férias na casa dos meus avós, achava o máximo estar em um apartamento. Em Franca, onde vivi até entrar na faculdade, em 1999, só havia um ou dois prédios, os quais eu não frequentava.
Quando me mudei para São Paulo, morei em apartamentos também e praticamente não tinha contato com a natureza. Honestamente, até gostava da vida conectada com o concreto. São Paulo, pra mim, sempre foi isso: prédios, Avenida Paulista, metrô, shoppings e espaços fechados.
Até que me casei e mudei pra onde vivo hoje: uma casa com quintal. E um quintal que tem um bom espaço de terra onde cresce maracujá, araçá, café, gengibre, cúrcuma, alecrim, manjericão, castanha do maranhão, entre outras plantinhas.
Ter esse pequeno espaço ao meu alcance todos os dias mudou bastante minha relação e percepção sobre a natureza. O respeito e admiração pelo meu micro espaço eu levo para o macro, seja o parque onde faço exercício, a mata quando viajo, ou mesmo as praças e árvores da rua.
Beleza e conexão
Primeiro, é preciso dizer que um espaço verde é sempre bonito, mesmo quando não tem paisagismo. É a beleza da própria natureza. E faz bem estar em um lugar bonito.
Além disso, estar em um lugar de natureza traz conexão. E isso não é um papo místico. Quando você pisa na terra, caminha por um espaço verde, a sensação é de estar ancorado. Se pensarmos que nossa comida, água e ar puro dependem desse sistema natural, não é difícil entender porque sentimos isso. Somos conectados com a natureza porque simplesmente não existimos sem ela.
Sutilezas naturais
A relação entre o homem e a natureza já é estudada cientificamente. E prova que se manter em contato com a natureza tem benefícios na saúde. Calma e bem-estar são as primeiras sensações que vem desse contato. Passar um tempo observando e sentindo um ambiente natural é, sim, calmante. Faça o teste e volte pra me contar.
Essa observação constante traz algo fundamental que é o respeito. Um contato profundo com os espaços naturais ensina como é importante respeitar toda a cadeia que faz aquilo funcionar.
Tenho um pé de maracujá no quintal e quando as flores aparecem, as abelhas mamangavas, aquelas pretas bem grandes, surgem pra se alimentar e fazer a polinização. Eu só observo. Elas chegam, voam de flor em flor e vão embora. Não tenho medo, mas tenho respeito e não vou lá perto incomodar. Assim acontece com as abelhas menores e com outros insetos que vejo nas plantas. Muitos deles, aliás, lindos.
Essa relação de respeito com o meio-ambiente, sobre a qual tanto se fala no aspecto macro – citando a Amazônia, por exemplo – pode começar no micro, no nosso quintal ou varanda. O respeito às plantas, às aves e aos insetos no dia a dia vai gerar outra percepção da natureza e, a partir daí, se espalhar para o macro.
E o resultado disso pode ser uma sociedade mais conectada ao meio-ambiente e, de fato, interessada em preservá-lo. Por isso, minha dica é que todo mundo cuide de um vasinho. Pode ser na janela, na varanda ou no quintal. O importante é se manter em conexão com a natureza.
#nadadeextraordinario
Dindi era uma mata…
Tom Jobim era um apaixonado pela natureza. Até Urubu virou tema de música. Outro dia, lendo o livro Histórias de canções - Tom Jobim, de Wagner Homem e Luiz Roberto Oliveira, descobri que a música Dindi não foi inspirada em um nome de mulher, mas sim em uma MATA que havia no sítio da família e era conhecida como “Sertão do Dirindi”. Tom fez a contração para Dindi e, pronto, nome de música. Mas aí, o coautor, Aloysio de Oliveira, casou-se com Sylvinha Telles e passou a chamá-la de Dindi…
Até a próxima.
Maisa.
Belo texto. Bela reflexão