Quais plantas você reconhece?
Nas minhas caminhadas pela cidade, observo muito as plantas que encontro pelo caminho. É um hábito que adquiri nos últimos anos. Em geral, sempre observei a arquitetura, principalmente as casas antigas, e deixava passar batido o verde urbano. Provavelmente fui vítima da “cegueira botânica”, uma expressão usada no meio científico e acadêmico para descrever a nossa inabilidade em ver ou perceber as plantas no ambiente em que estamos.
Apesar de todo o concreto, a cidade oferece inúmeras possibilidades de conhecer plantas. Chega a ser quase inusitado pensarmos nisso, mas é verdade. Eu jamais soube identificar uma pata-de-vaca ou cipó de são joão, ou mesmo uma paineira. Hoje, já sei. Para além disso, sou capaz de ficar alguns minutos parada na frente de uma árvore somente observando os detalhes.
SOBRE A CEGUEIRA BOTÂNICA
A primeira vez que ouvi o termo “cegueira botânica”, cunhado pelos botânicos e educadores Elisabeth Schussler e James Wandersee em 1998, foi durante uma entrevista com o biólogo Anderson Santos, fundador e professor da Escola de Botânica.
Algumas explicações possíveis para essa “cegueira botânica” é que não vemos as plantas como algo ameaçador. Já os animais podem ser uma ameaça em muitas situações.
Por outro lado, também desenvolvemos empatia pelos bichos, o que não necessariamente acontece com as plantas. O medo e o afeto ajudam o nosso cérebro a prestar mais atenção nos animais. O processamento da informação visual de um bicho também é mais “fácil” do que da planta, pois normalmente são maiores, se movimentam muito etc.
A CEGUEIRA BOTÂNICA E A CIDADE
Quando olho para a vida urbana que se tem hoje em São Paulo, consigo ser otimista sobre uma possível diminuição dessa cegueira.
As hortas urbanas, as feiras de produtos orgânicos, as caminhadas monitoradas que acontecem em parques, os cursos de agroecologia, o interesse pelas PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais) e os mutirões de plantio em praças e parques são ótimos instrumentos de aproximação das pessoas com as plantas.
O importante é que ao se livrar da “cegueira botânica” a gente passa a querer conhecer melhor as plantas, a perceber a importância que elas têm no nosso dia a dia e uma possível consequência disso é a nossa ajuda na preservação e no desenvolvimento do verde das cidades!
Se você acha que sofre com a “cegueira botânica”, comece a olhar as plantas que estão próximas de você, identifique-as, compartilhe fotos dela com as pessoas, perceba as nuances e veja como você se sente. Há uma grande chance de, a partir disso, você querer se aprofundar mais e mais nesse universo diverso do verde urbano!
Até a próxima.
Maisa