Há mais de 5 anos sou aluna da Prática Integral, um metodologia de treinamento físico e mental que usa o próprio corpo e seus movimentos como o centro das atividades.
Uma das práticas que fazemos durante as aulas ao ar-livre é ficar pendurado na barra. E apesar de todos estes anos de prática, não consigo ficar muito tempo, às vezes nem um minuto. Por que?
Porque nunca treinei a pegada. Quando começa a ficar desconfortável, desisto.
Percebi que faço a mesma coisa com a meditação. Costumo colocar 10 minutos no timer, mas quando canso, abro olho e vejo que falta apenas 2 minutos eu penso: “ah, ta bom”. Mas ficar ali, naquele desconforto dos últimos 2 minutos é o exercício mais importante, assim como aguentar um pouco o desconforto da barra.
Parece uma coisa um pouco cruel insistir em algo que está desconfortável. Mas a ideia é pensar nestes movimentos e na meditação como treinamentos para a vida. Insistir mais um pouco antes de desistir é uma forma de criar resiliência. Claro que não é pra deixar a mão sangrar, porque aí é tortura. Mas é aumentar, gradativamente, o limiar de tolerância.
Ando pensando muito sobre isso ultimamente porque sou extremamente controladora, mas agora tenho filho. E é difícil controlar um ser-humano de 70 cm e um cérebro em desenvolvimento.
E as coisas que já eram difíceis, como lidar com doenças, se tornaram exponencialmente mais difíceis. E filho vem com um adendo importante: não dá pra desistir, pra deixar pra lá, pra não fazer. Então, a solução é treinar a resiliência.
Curiosamente (oi, algoritmos!) apareceu um post da Dani Arrais com o titulo “Respira no desconforto”, que fala exatamente sobre isso.
“Respira mais três vezes. Sustenta. Sente o que está vindo. Tá tudo bem sentir desconforto, tenta atravessar essa sensação. Foi na aula de ioga, mas acho que vale para várias situações na vida… A gente quer tanto que tudo fique bem logo que acaba tentando acelerar os processos, sentindo ainda mais ansiedade. Mas não tem jeito: o incômodo vai vir. Às vezes vai durar mais do que você acha que aguenta. E a gente precisa ir construindo um arsenal de ferramentas para lidar com ele - e com os próximos que virão. Foi curioso ouvir essa frase bem num dia em que eu mal conseguia fazer as posturas da ioga, porque minha cabeça estava tão cheia que eu estava de corpo presente ali, mas viajando por outros pensamentos. Fui tentando a respiração, conseguia um pouco, não conseguia outro tanto. E tudo bem também, nem sempre vai dar. Mas fiquei com esse ensinamento ecoando por dias: respira no desconforto. Tem mais duas respirações, a gente aguenta. Nem sempre dá para antecipar o que ainda não tem solução. Bora aprender a atravessar”.
Até a próxima! E aguenta mais um pouco aí.