Memento Mori
Memento Mori é um conceito que significa "lembrar-se da morte”. A ideia é ter algo perto de você que te lembre da sua mortalidade e, assim, te ajude a viver melhor o presente. Por isso diz-se que Memento Mori ensina sobre a vida e a morte.
Fui apresentada a esse conceito em 2016, na leitura do livro Os Monges e Eu, de Mary Paterson. Ela conta que colocou na geladeira de sua casa uma imagem do monge Thich Quang Duck em chamas num cruzamento de Saigon em 1963, durante a Guerra do Vietnã. “Ele me lembra de viver profundamente em cada momento, a única maneira de me sentir verdadeiramente em Casa”, ela diz.
Eu, que sou uma pessoa medrosa demais, vi os medos elevados a potências inimagináveis com a chegada da minha filha, Clarisse, em novembro de 2022. É medo de não dormir, medo de engasgar, medo de ficar resfriada, medo de bronquiolite, medo de ser muda, medo de não se desenvolver direito, medo de acordar de madrugada, medo de chorar o dia todo, medo de repente parar de se mexer e por aí vai. Porém, a realidade é que tenho em casa uma criança saudável, que quase não chora, sorri bastante e dorme bem (prefiro nem dizer isso em voz alta pra não dar azar).
Sempre que esses medos aparecem, tenho feito o exercício de me lembrar de algumas situações muito difíceis pelas quais outras mães estão passando . O que é uma noite sem dormir perto de um bebê internado na UTI? Ou um resfriado perto de um câncer? Digo que essas histórias são o meu Memento Mori. Me ajuda bastante a sair do círculo do medo. Por isso recorro a elas para me lembrar que devo agradecer pela situação que vivo, mesmo que seja uma noite em claro ou uma criança chorando por horas.
Você tem um Memento Mori pra chamar de seu?
#Uma boa história que já contei
Já que o papo aqui foi o poder que outras histórias têm de nos ensinar, vou deixar o link de um texto que publiquei em 2013 com a história de mulheres que passaram pelo desafio de terem seus filhos em UTI.
Aqui vale uma pontuação: por mais que se possa usar essas histórias como Memento Mori, também é possível usá-las como um gatilho de medo. Aconteceu comigo. Eu tinha pavor de enfrentar problemas como os citados nessa matéria. E pra mostrar - mais uma vez - que a vida não tem roteiro, os problemas que tive não estavam na minha lista de medos. Aliás, sequer sabia que existiam. #ficaadica
Até a próxima!